sexta-feira, dezembro 31, 2010

Improvável

Numa tarde de verão ele estava passeando sozinho deixando que as ruas passem pelos seus pés pondo a observar apenas. O tal chocolate quente com canela e pães de queijo naquela velha e charmosa padaria, a menininha que sem se preocupar com o amanhã se diverte na beirada da calçada ou a linda mulher vestida de muleca dança sorridente em sua bicicleta de cestinha. Nada de mais, apenas mais um dia pensando,
pensando,

passando...

Como um passo vem sempre depois do outro, estes eram dados sem muita pretensão foi então que parado no meio fio de uma rua vazia passa por si mesmo e ve-se a observar aquele ipê amarelo da fábrica ao lado. Lembranças de um outono passado que insiste em estar presente apesar do sol que faz. Ao seu lado está um senhor que apesar da improbabilidade parece que sempre esteve ali. Aproxima-se para ver o que conversam e se ouve dizer:

-Meu senhor, sei que parece estranho, mas acredito que de uns tempos prá cá esta árvore só tem dado flores, quando a primavera chegará para ela?

Diz o senhor com um leve sorriso:

-Ela tem muito a aprender ainda.

-Não posso dizer que esta árvore está feia porque suas flores são lindas, mas viver eternamente no frio não é algo que se queira para ninguém.

-Pois digo a você que quando chegar o tempo ela viverá intensamente todas as estações de sua vida. Esta é minha promessa.

-Então diga pai, o que ela tem que aprender para que enfim saia desse eterno outono, diga para que o mais rápido possível finde sua dor!

-Ela ainda tem que aprender a esperar...


-Mais?!