sexta-feira, dezembro 31, 2010

Improvável

Numa tarde de verão ele estava passeando sozinho deixando que as ruas passem pelos seus pés pondo a observar apenas. O tal chocolate quente com canela e pães de queijo naquela velha e charmosa padaria, a menininha que sem se preocupar com o amanhã se diverte na beirada da calçada ou a linda mulher vestida de muleca dança sorridente em sua bicicleta de cestinha. Nada de mais, apenas mais um dia pensando,
pensando,

passando...

Como um passo vem sempre depois do outro, estes eram dados sem muita pretensão foi então que parado no meio fio de uma rua vazia passa por si mesmo e ve-se a observar aquele ipê amarelo da fábrica ao lado. Lembranças de um outono passado que insiste em estar presente apesar do sol que faz. Ao seu lado está um senhor que apesar da improbabilidade parece que sempre esteve ali. Aproxima-se para ver o que conversam e se ouve dizer:

-Meu senhor, sei que parece estranho, mas acredito que de uns tempos prá cá esta árvore só tem dado flores, quando a primavera chegará para ela?

Diz o senhor com um leve sorriso:

-Ela tem muito a aprender ainda.

-Não posso dizer que esta árvore está feia porque suas flores são lindas, mas viver eternamente no frio não é algo que se queira para ninguém.

-Pois digo a você que quando chegar o tempo ela viverá intensamente todas as estações de sua vida. Esta é minha promessa.

-Então diga pai, o que ela tem que aprender para que enfim saia desse eterno outono, diga para que o mais rápido possível finde sua dor!

-Ela ainda tem que aprender a esperar...


-Mais?!

segunda-feira, novembro 29, 2010

Aniversário no/da Céu

azul Celeste não faz aniversário

Cores não fazem aniversário

Elas festejam dia a dia a alegria de serem coloridas

Escorregam pelo arco-íres até o pote de ouro de suas vidas

E a cada dia de vida enfeitam o céu após negras tempestades

Enfeitam o céu ao meio dia sem nuvens

Enfeita o dia a dia de quem para a Celeste olha

Como quem não quer nada

Leva a vida colorida

De pernas para o ar

Ou em busca de arco-íres

Hoje o céu não está celeste

Mas, há motivos para comemorar

pois o arco-íres virá

E pra sempre será tudo azul


azul Celeste





hihihihihi





Bjs

sexta-feira, novembro 19, 2010

O último suspiro de um moribundo
Quando a esperança se vai em carreata
E a vê de longe juntar suas malas
Esperança que brotava no coração do lenhador
O senhor ceifou com o machado que estava antes em suas mãos
Ele não tem mais ilusões
Em suas costas está escrito aluga-se
E aquele passo vago e olhar vazio
É a tradução de um quarto de ser humano
Pegando cascalhos e jogando no rio
Olhando seus pulos e ondas que se vão
Se espalham

Apenas uma cabeça pesada de um moribundo de olhos fundos
Águas passadas que aquelas pedras nunca mais vão ver

sábado, novembro 06, 2010

Se eu tivesse que escrever sobre o tédio o que seria?


O nada formaria palavras perdidas em algum lugar

Nada passaria do lápis as linhas

Afinal de contas o que há no tédio além de um cerrar de olhos


Ou sobre a rotina?

Quando houvesse algo a escrever

A próxima linha seria idêntica

E nada mais seria escrito sem ser repetido

E o nada reaparece em um círculo interminável de tediosas palavras

sexta-feira, outubro 29, 2010

Faça parte disso quando o sorriso estiver ausente


Quando o beijo não se faz necessário

Mas o abraço fizer toda falta do mundo

De pessoas que independente dos costumes estão sempre ao lado

São laços enfeitando presentes

São passos que unem ausentes

Ausentes?!

Os sorrisos, meu querido.



Mas aqueles que acreditam no amor eterno

E prostrados diante do criador

Semeiam a terra com lágrimas

Ceifarão sorrisos

Como laços enfeitarão os presentes lábios

sexta-feira, outubro 15, 2010

O impossível é só uma questão de tentativas

Havia uma época que me diziam que eu não podia

Que não fazia parte do meu papel de homem

De chefe de família

Mas o pássaro chora por não poder voar

E mesmo que voe por entre prédios

Muito útil a sociedade

Com um salário “digno”

Sonha

Desde menino

Voar por entre escarpas

Sair da segurança do dito digno

Alcançar o céu

Mas ela nunca entenderá

Quão vivo é este coração de rocha

E o menino que sonhava em alcançar o azul celeste

É o homem que vestido de conhecimento e coragem

Mostra ao mundo

O impossível em suas mãos abertas.
.
.
.
.
Não me diga que não posso

Quantos que, sem ouvir tais palavras

Fizeram o impossível.

sexta-feira, setembro 24, 2010

Que venha a primavera

Venha querida primavera


Que do chão brotem as cores

E preencham nossas casas

Flores

             Flores

Flores no deserto

Iluminando o árido

Flores no asfalto

Nosso longo caminho

Recheado

O trajeto antes negro

No presente aquarela

Saudações

Querida primavera.

terça-feira, agosto 24, 2010

A lua que ri

Teve um dia em que a lua sorriu para mim. A lua mesmo, não no sentido figurado, misturado ou poético, mas a lua mesmo, aquela que fica no céu. Confesso que fiquei abismado com o fato de em plena noite sem graça ela sorria com majestade. Numa noite em que uma ligação apenas de cobrança de pertences deixados para traz teve elogios e carinhos...

Ela sorria enquanto minguava.

Enquanto sorria iluminava o chão então brilhava os cacos de vidro das garrafas quebradas espalhados pelo chão. Fingindo serem estrelas eu caminhava por entre elas como um príncipe em busca da minha rosa especial.

Foi então que a mensageira de bicicleta que agora se encontra com lindos cabelos morenos me disse: Enquanto minguava seu sorriso, ela voltou a ti seu lado escuro novamente.

quinta-feira, agosto 05, 2010

Eu vejo um mundo onde não teremos que comprar para ter, onde não precisamos ter para ser. Onde somos aquilo que queremos ser sem ofender a ninguém e somos felizes fazendo as outras pessoas felizes com o que somos. Sem máscaras nem joguinhos para saber o que o outro pensa. Apenas abrindo os olhos e enxergar pessoas que se abrem para um mundo de contradições e diferenças sem impor uma máscara a ninguém somente para se sentir segura com o que pensa de si próprio.

Onde o tempo não é dinheiro e sim uma plena oportunidade de fazer melhor quando já está linda, cheirosa, maravilhosa aos olhos de quem a vê se vestir. Pois nosso tempo seria gasto por aqueles que ocupam nossas mentes e corações.

Tudo bem, sei que posso estar querendo de mais. Talvez uma utopia que mora na mente de todos os que querem acabar com as máscaras, acabar com esse capitalismo de sentimentos parando de mostrar o que tem e começando uma vida cheia das coisas que vemos num mundo melhor.

quarta-feira, julho 28, 2010

Dizem que os dragões são princesas esperando um príncipe corajoso o suficiente para enfrentá-lo e por fim se transformar. Mas, não sei o motivo, quando perguntei o que faço quando aquela princesa que nunca foi dragão se transformar num deles e queimar todos os meus sonhos, o que faço então? Eles se calaram diante de mim num uníssono silêncio voltaram as suas vidas regidas por frases feitas.
O que fazer quando a indiferença e a rajada de fogo saem do mesmo lugar?
O que era antes um castelo todo adornado, relusente de desejos, planos e vontades agora esfarela-se ao toque. Entre os dedos calejados de um escalador ruínas se vão com o passar do vento. Meu coração é de pedra, eu sei disso pois é nas pedras que eu encontro o meu universo. É nessa pedra, a mais viva de todo o meu ser, que estava fundado nosso castelo e quando ela decidiu tirar essa rocha de mim e colocar um coração de frases feitas, comum aos olhos de todos o que era antes relusente veio abaixo.

Não a culpo, afinal nunca entendeu o quão vivo é este coração de pedra.

sexta-feira, julho 16, 2010

Não vire as costas para mim querida lua
Teu lado escuro já me fez muito mal
Tua luz me encanta e espanta aquela tal tristeza
Viu que há beleza em meus olhos?
Como um lago que espera calmo e tranqüilo
Refletir sua beleza

Mas hoje não tem luar
A lua, encoberta por nuvens, se pos a chorar
Enchendo meu lago de lágrimas
Distorcendo o reflexo que havia

Pois haverá o dia em que será cheia
E a sinergia trará de volta
A beleza que havia em nós.

Fale comigo, mas não chore
Não hoje.

quarta-feira, julho 07, 2010

Sentado, estático
Me coloco a chorar
Perto estou mas não posso tocar
Muito longe, mas
Ainda dentro de mim.


Os pés na mesa
Cadeira inclinada
Cabeça para trás
Olho o céu que hoje estava azul
Nada de nuvens das quais gosto tanto
Mas ainda um profundo e contagiante azul



Óculos escuros

Para esconder minha alma dos desocupados

Passageiros acéfalos de um mundo estúpido

Fones de ouvidos para não ouvir suas ladainhas

Músicas que me levam a mergulhar

Aquele azul profundo

________________Fundo...

_____________________Fundo...

__________________________Fundo...

quarta-feira, junho 30, 2010

Casa azul e branca

Eu queria uma casa com fachada azul e branca numa rua tranqüila margeada por árvores que no outono cobrissem o asfalto com um marrom nostálgico e na primavera colorissem a vizinhança. E eu andaria em meio as flores levantando as cores do chão iluminando os olhos de quem me visse de longe. Do outro lado da rua teria um campo e não casas, onde as crianças pulam a cerca de madeira e rolam na grama em meio ao futebol de fim de tarde, cena perfeita para tirar fotos de um céu rosa e azulado sentado na minha cadeira de vime, estrategicamente posicionada para interiorizar e registrar melhores momentos.


Azulejo português na fachada, isso sim, desenhando colunas e vigas e sustentando a beleza azul e branca.



Um caminho de pedras, porque os caminhos são sempre de pedras, que leva a uma porta entalhada com arranjos nas laterais e um trinco cobreado. Para os carros a entrada é na esquerda. Um portão alto de aço trabalhado com ponteiras de flor de Liz pois toda força tem sua magia.


Por traz do portão de aço, da porta entalhada e do azul e branco eu teria um mundo de aventuras e sorrisos.



Saudade de quando tinha planos como esses.