quarta-feira, julho 30, 2008

Lembranças levadas


Não vá cair do balanço hoje! Disse ao amigo que voava preso a uma árvore.
...
Continuou andando em direção a praia, sentou meio agachado em um daqueles grandes blocos de concreto que impedem os carros de entrar na areia, abraçou os joelhos e fitou o mar como se fosse a última vez em que visse algo belo. Não tinha por do sol, não tinha gaivotas voando ou correndo pela areia, não tinha píer e nem barcos a vela no horizonte. Mas foi o lugar em que viveu boa parte de seus verões jogando vôlei mesmo sendo péssimo nisso. O baralho no quiosque até altas horas da noite. O quiosque ficava na areia da praia. Era da Dona Edna que estava sempre a ponto de pegar uma gripe e choravam de rir quando lembravam da propaganda da TV.

Mas o mar estava subindo. Ano passado entrou três vezes água na sua casa a beira da praia. Este ano seu pai construiu uma porta de aço para fechar a entrada da garagem e cimentou mais blocos até o fim do muro na entrada social. Mas as ondas bateram tão fortes esse ano que o medo se espalhou pela vizinhança. O quiosque do baralho, das risadas, da música lenta em plena madrugada onde as meninas coravam seus rostos para dançar, foi destruído pelas águas no início de Dezembro. Pelo que ficou sabendo Dona Edna tentou montar uma lanchonete no centro, mas logo faliu e nunca mais a viram. A incerteza de chegarem ano que vem e não terem mais sua casa, de que a água do mar já terá levado suas lembranças dos verões felizes o fazia chorar.

Daqui por diante o mar não trará boas lembranças, mas as levará.
O que fará você ao ver sua história se afogar?
Continuará a ignorar a natureza?

terça-feira, julho 22, 2008

Qualquer Um / Eu e Vc

Sobre os Brancos e os Pretos



Quem está brincando com o que não devia
Quem devia um beijo a quem só sabe amar
Quem olha o escuro dos seus olhos no clarear do dia
Quem diria não, apenas para magoar

Maria disse que ele não vai estar
No estandarte do seu desejo
Na parte que cabe a ele completar o sonho




Sobre o Amarelo e o Escalador

O amarelo invadiu a minha mente
Todos os meus dias tem um céu de ouro
É loiro o fio que voa com o vento
Justo no momento em que estou de frente
Ele pousa no meu rosto
E me ajuda a respirar
A cada momento em que me assusto
Com a possibilidade de não estar ao seu lado

Obs:
O susto é involuntário
Eu não quero mais me assustar
Respirar pela vida inteira
E não ser forçado a parar

quarta-feira, julho 09, 2008

Somos nós


Vamos nos acabando, nos destruindo com erros e maldades
Sem direção de ações, fazemos e vemos se deu certo
Para somente depois juntarmos o que sobrou e reinventarmos um novo eu novamente, de novo, outra vez...

Interminavelmente inacabados

Não nascemos prontos
Vamos nos acabando ao passar do tempo
Quem foi que disse que não sou perfeito?
Muito bem! Acertou
Esqueci de entrar em várias filas de habilidades e dons
E pelo jeito na da memória também
Construindo pequenas perfeições
Percebendo grandes desejos
Acabando uma tela a óleo da nossa vida, da nossa percepção de mundo
Para então tropeçar e rasgar a tela e se dar conta de que o rasgo revelou lindas imperfeições
Uma pinta no dedão, um sorriso da Mônica, palavras sem noção e descontroladas causando momentos de muitas risadas, eu que não gosto do você gosta.

Um amigo me disse:
Se você colocar uma gato recém nascido em frente de um prato com leite e uma caixa de areia ele beberá o leite e enterrará suas fezes na areia. Se você colocar um bebê em frente dos mesmos objetos ele pode colocar a mão dentro dos dois e por na boca porque ele não sabe o que aquilo é e significa, pode também pular dentro do prato de leite e rolar na areia ou simplesmente dar as costas e pegar a bolinha colorida.

Não temos instintos direcionando cada ato nosso apenas vontades, sonhos e desejos. Somos totalmente imprevisíveis inacabados, caminhando em estradas sem placas.